24 de dezembro de 2011

O Jesus do Natal

SEU NASCIMENTO

"José também foi da cidade de Nazaré da Galileia para a Judeia, para Belém, cidade de Davi, porque pertencia à casa e à linhagem de Davi. Ele foi a fim de alistar-se, com Maria, que lhe estava prometida em casamento e esperava um filho. Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. " Lucas 2:4-7

A imagainação de qualquer pessoa fica inquieta ao pensar na conversa que o dono da hospedaria teve com sua família à mesa do café. Alguém mencionou a chegada do jovem casal na noite anterior? Perguntou como estavam? Ou comentou a gravidez da moça que veio montada em um jumento? Talvez. É bem possível que alguém tenha tocado no assunto. Contudo, na melhor das hipóteses, se alguém levantou a questão, ela não foi discutida. Não havia nada de extraordinário neles. Foram provavelmente apenas mais uma das muitas famílias rejeitadas naquela noite.

Além do mais, quem tinha tempo para conversar sobre eles com tanta agitação ao redor? Augusto fez um enorme favor à economia de Belém quando decretou a realização de um censo. Quem poderia se lembrar disso em um momento de tanto alvoroço no vilarejo?
Não, é muito difícil que alguém tenha mencionado a chegada do casal ou se preocupado com a condição da moça. Estavam ocupados demais. O dia seria cheio. Tinham de preparar o pão do dia. As tarefas da manhã precisavam ser realizadas. Havia coisas demais em que pensar para imaginar que o impossível havia acontecido.

Deus viera ao mundo por meio de uma bebê...

Não poderia haver lugar mais humilde para um nascimento.

Do lado de fora havia um grupo de pastores. Estavam sentados no chão em silêncio. Talvez perplexos, talvez com medo, mas certamente maravilhados. Sua vigília noturna fora interrompida por uma explosão de luz vinda do céu e uma sinfonia de anjos. Deus vai até aqueles que têm tempo de ouvi-lo – assim, naquela noite sem nuvens, ele foi até simples pastores de ovelhas.

Ao lado da jovem mãe está o pai cansado. Se há alguém sonolento ali, é ele. Não se lembra da última vez em que se sentou. Agora que aquela agitação havia diminuído, agora que Maria e o bebê estavam confortáveis, ele se encosta à parece do estábulo e sente os olhos pesarem. Ele ainda não havia entendido tudo. O mistério do evento o confunde. Entretanto, não possuía forças para pensar naqueles questionamentos. O importante é que o bebê está bem e que Maria está segura. Com a chegada do sono, lembra-se do nome que o anjo pediu que ele colocasse no menino...Jesus. “O nome dele será Jesus.”

Maria, porém, está bastante desperta. Puxa, como ela é jovem! Sua cabeça repousa sobre o couro macio da sela de José. A dor foi suplantada pela admiração. Ela olha a face do bebê. Seu filho. Seu Senhor. Sua Majestade. Nesse ponto da história, o ser humano que melhor compreende quem é Deus e o que está fazendo é a adolescente deitada naquele estábulo malcheiroso. Ela não consegue tirar os olhos dele. De alguma forma sabe que está segurando o próprio Deus.
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Qualquer agitação era sinônimo de coisa ruim - lobos, pumas, ladrões. Pastores valorizavam o previsível. Ansiavam pela calma. Seu único objetivo era poder dizer às esposas: “Nada aconteceu esta noite”. O fato de desejarem uma noite tranquila, porém, não significava que a teriam. “E aconteceu que um anjo do Senhor apareceu-lhes e a  glória do Senhor resplandeceu ao redor deles; e ficaram aterrorizados” (LC 2:9). A mudança sempre traz medo antes de produzir fé. Sempre esperamos pelo pior antes de ver o melhor. Deus interrompe nossa vida com algo que nunca vimos e, em vez de louvá-lo, entramos em pânico! Interpretamos a existência de um problema como ausência de Deus e fugimos! Alguma coisa boa os pastores viram, senão teriam perdido o versículo seguinte: “Hoje na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (LC 2:11)

NÃO BASTOU AOS PASTORES VEREM OS ANJOS. TALVEZ VOCÊ PENSE QUE SIM. O céu noturno se encheu de luz. A quietude rompida pela canção. Pastores comuns acordados de seu sono e colocados em pé por um coro de anjos: “Glória a Deus nas alturas!”. Aqueles homens jamais viram tal esplendor.

Entretanto, não bastou aos pastores verem os anjos. Eles quiserem ver aquele que enviara os anjos. E como não ficariam satisfeitos até que o vissem, você pode traçar a longa linhagem dos seguidores de Cristo a pessoas em um pasto dizendo umas às outras: “Vamos [...] Vejamos [...]” (LC 2:15)

Os magos tiveram o mesmo desejo. Queriam que seus olhos contemplassem Jesus. Tal como os pastores, eles não ficaram satisfeitos com aquilo que viram no céu noturno. Não que a estrela não fosse espetacular. Não que o fato não fosse histórico. Ser testemunha daquele astro reluzente foi um privilégio; para os magos, porém, não foi suficiente. Não bastou ver a luz sobre Belém; precisavam ver a Luz de Belém. Foram até lá para vê-lo.



Lucado, Max. Seu nome é Jesus. São Paulo: Mundo Cristão, 2010. p.10,11,14 e 15.

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